Brasileiros aderem à vaquinha eletrônica para realizar projetos
Autor da ideia divulga na internet o valor que precisa e o prazo para arrecadação. Qualquer um pode colaborar, se o valor recolhido não for suficiente, o dinheiro é devolvido para quem doou.Shows com a banda favorita, documentários com diretores novatos, festas em comunidades. Projetos que cada vez mais saem do papel pelo crowdfunding, o chamado financiamento em massa. É como fazer uma vaquinha, em uma nova versão, pela internet.
Neste mês, o presidente dos Estados Unidos sancionou uma lei que facilita este sistema. O próprio Barack Obama arrecadou fundos pelo crowdfunding para a campanha presidencial de 2008.
Desde então, sites que ajudam a realizar projetos surgiram, cresceram e apareceram. Eles funcionam da seguinte maneira: o autor da ideia divulga na internet o valor de que precisa e o prazo para arrecadação. Qualquer um pode colaborar. Se o valor recolhido não for suficiente, o dinheiro é devolvido para quem doou.
No Brasil, em um ano e três meses, um grupo de empresários cariocas já arrecadaram dois milhões de reais e botaram de pé quase 200 iniciativas. “A gente nao diz que é uma relação de consumo, é muito mais uma relação de apoio, você realmente precisa gostar do projeto, querer se envolver, participar, querer entender como é a produção”, declara Rodrigo Maia, empresário.
A documentarista Melissa Flores conseguiu esse apoio. Ela está finalizando um documentário sobre a peregrinação pela Índia, com 29 mil reais doados por colaboradores. “A gente acompanhava em tempo real, a cada novo apoiador que aparecia, e era quase um milagre”, diz Melissa Flores.
Bruno Natal junto com alguns amigos promoveram mais de 30 shows no Rio de Janeiro em um ano e meio. Belle & Sebastian, Mike Snow e Foster the People estão na lista. O custo para fazer o show é financiado pela venda de um primeiro lote de ingressos. Depois, mais entradas ficam à venda. Se esgotarem, os primeiros compradores têm de volta o dinheiro que investiram no começo.
“A partir de então a gente tira nosso lucro. Depois a gente reembolsa todas estas pessoas. É um formato mais justo, o público sai da posição passiva, ele ajuda a realizar as coisas”, declara Bruno Natal, empreendedor.
Projetos sociais também ganham força. Um dos exemplos é o "pimp my carroça", que quer grafitar 50 carroças no Rio ou em São Paulo, e encher de orgulho os catadores de lixo.
Até cientistas da USP aderiram ao financiamento coletivo. Levantaram cerca de cinco mil reais para se inscrever em uma competição internacional de biologia genética. “Foi uma aposta, porque nenhum projeto de ciência brasileira tinha sido financiado por esta via, mas a gente achou que poderia dar certo, e felizmente deu tudo certo”, conta Carlos Hotta, pesquisador da USP.
Não há limite para os projetos que já se aproveitam desta nova forma de arrecadação. No Morro do Chapéu Mangueira, no Rio, o baile funk é uma antiga reivindicação dos jovens da comunidade.
O projeto para a retomada do baile, que deixou de acontecer há 17 anos, foi avaliado em 45 mil reais.
Faltava quem bancasse a ideia, mas agora não falta mais. Eduardo e Anderson querem levar o ‘batidão’ para uma quadra do morro. As contribuições podem variar de cinco reais a dez mil. “Nunca ia conseguir se não tivesse com o crowdfundig”, afirma Eduardo.
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