terça-feira, 6 de novembro de 2012

Lula vai a Brasília reforçar aliança entre PT e PMDB

Ex-presidente costura acordo para 2014; petistas devem renovar apoio a peemedebistas para comandar Congresso



Acordo. Dilma e Temer negociam
Foto: O Globo / Gustavo Miranda

Acordo. Dilma e Temer negociamO Globo / Gustavo Miranda

BRASÍLIA - Embalado pela vitória em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca nesta terça-feira no Palácio da Alvorada para, num jantar da presidente Dilma Rousseff e as cúpulas do PMDB e PT, comandar o início das articulações políticas e a montagem do cenário para as próximas eleições de governador e presidente. Oficialmente o encontro será para reforçar a parceria com o PMDB, num momento em que outras forças, como o PSB, começam a emergir da própria base, como possível ameaça para o projeto do PT em 2014.

Serão reafirmados a parceria para a disputa presidencial e o acordo para a eleição dos próximos presidentes da Câmara e do Senado, em fevereiro. E também a possibilidade de o PMDB ampliar seu espaço na Esplanada dos Ministérios. Além dos líderes e dirigentes dos dois partidos, participam do encontro o vice Michel Temer, ministros e os presidentes da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Além disso, dizem interlocutores da cúpula do PMDB, a presença de Lula ao lado da presidente Dilma pode ser usada como uma forma de fortalecer a imagem do ex-presidente diante das denúncias de envolvimento no mensalão feitas recentemente pelo empresário Marcos Valério ao Ministério Público.

— Lula não se enquadra em nenhuma das categorias convidadas. No PT, o presidente é o Rui Falcão, mas ele (Lula) é quem manda, é o imperador. Depois da vitória em São Paulo, ele quer estar no centro das articulações para 2014 — diz um dos peemedebistas convidados para o jantar.

— Articulação política não é a praia da presidente Dilma. Lula assumirá o comando daqui pra frente — completa outro peemedebista.

Diante de Dilma e Lula, os líderes e dirigentes do PT vão reafirmar o acordo que dará ao PMDB o comando das Câmara, com Henrique Eduardo Alves (RN), e do Senado, com Renan Calheiros (AL).

Dilma prepara ofensiva para se reaproximar com PSB de Campos

Depois do jantar para azeitar as relações entre o PT e o PMDB, o próximo passo da presidente Dilma Rousseff será iniciar o processo de reaproximação com o PSB, aliado histórico dos petistas e que ensaia voo solo. A presidente, usando da proximidade que tem com o governador Eduardo Campos (PE), tentará acabar com as diferenças surgidas entre petistas e socialistas nas eleições deste ano — em muitos casos houve rompimento da parceria, como em Recife e Fortaleza.

Dilma deverá ter uma conversa reservada com Eduardo Campos durante a reunião dos governadores do Nordeste em Salvador, quarta-feira, dia 14. Não há informação, ainda, se Lula poderá participar dessa reunião — o que parece pouco provável.

O ex-presidente poderá conversar com Eduardo Campos ao longo da semana, ainda que por telefone.

Na Câmara, novo impasse

Dilma e Lula terão que administrar com Eduardo Campos não só a presença do partido no arco de alianças do governo, mas também tentar impedir que avance a movimentação do deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que deseja disputar com Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) a presidência da Câmara. Movimento que tem apoio de petistas, inclusive.

— Tem muita gente no PT que prefere a gente como aliado aqui na Câmara do que o PMDB. Não acredito que Dilma vetaria esse movimento do PSB, que é também aliado. (a candidatura) É uma forma de segurar ao lado dela o partido que mais cresce e ameaça o projeto do PT em 2014 — acredita Júlio Delgado.

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