Congresso vai recorrer da decisão do STF de suspender projeto, diz Renan
Senador disse que houve 'invasão' do Judiciário sobre o Legislativo.
Gilmar Mendes suspendeu proposta que prejudica novos
partidos.
O presidente do Senado e do Congresso, Renan
Calheiros (PMDB-AL), disse nesta quinta-feira (26) que vai recorrer ao Supremo
Tribunal Federal para tentar derrubar decisão liminar (provisória) do ministro
Gilmar Mendes que suspendeu
a tramitação de projeto que inibe a criação de novos partidos. A interrupção
no andamento foi determinada nesta quarta, enquanto os senadores discutiam requerimento
de urgência para acelerar a tramitação da proposta.
Após reunião com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Calheiros disse que irá apresentar um agravo regimental, instrumento que, se aceito, pode rever decisão do próprio STF. O senador ainda criticou o que classificou como "invasão" do Judiciário sobre o Legislativo.
Não aceitamos que o Judiciário influa nas questões
legislativas"
Renan Calheiros
O agravo regimental é o único tipo de recurso no STF contra decisões monocráticas (de um único ministro), caso da liminar de Gilmar Mendes. Após ser protocolado na Corte, o ministro poderá rever sua decisão ou levar o assunto para o plenário do Supremo.
Enquanto isso não ocorrer, a decisão de Mendes só deixará de valer caso a maioria do plenário apresente voto contrário no julgamento do próprio pedido de suspensão da tramitação do projeto que afeta os novos partidos, feito pelo senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
Renan Calheiros disse que o recurso é uma tentativa de evitar “agravar a crise” entre os poderes. “É uma oportunidade para que Supremo faça uma revisão da sua própria decisão. Temos outros instrumentos, mas sem querer agravar a crise, a separação dos poderes, nós vamos primeiro entrar com agravo regimental”, disse o senador.
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Para o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a liminar do STF afeta o poder constitucional do Congresso. “Não concordamos e [não] aceitamos que [o Supremo] interfira aqui no nosso processo, correto, constitucional e regimental de expressar os nossos votos. Portanto, vamos entrar com agravo esperando que o Supremo possa rever essa decisão e fazer justiça ao papel constitucional dessa Casa”, disse Alves.
O projeto
que inibe a criação de partidos, de autoria do deputado Edinho Araújo
(PMDB-SP), impede que deputados que migram de partido levem consigo tempo
propaganda eleitoral no rádio e na TV e recursos do Fundo Partidário
correspondentes ao seu mandato. Se virar lei, a proposta pode prejudicar o
projeto da ex-senadora Marina Silva, potencial candidata à Presidência em 2014,
de fundar uma nova sigla.
A decisão de Gilmar Mendes de suspender o projeto
que prejudica novos partidos foi tomada no mesmo dia em que a Comissão de
Constitução e Justiça da Câmara aprovou uma outra proposta, de emenda à
Constituição (PEC),
que limita poderes do STF. De autoria do deputado Nazareno Fonteles (PT-PI),
a PEC permite ao Congresso rever decisões do STF sobre a inconstitucionalidade
de emendas à Constituição.
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