Assembleia Legislativa recebe Secretária Nacional da Juventude
Em Natal para participar de uma audiência pública realizada na quinta-feira (25), a Secretária Nacional da Juventude, do Governo Federal, Severine Macêdo, falou ao Informativo da Assembleia sobre a política pública de combate à violência contra os jovens, tema do debate, e trouxe dados sobre a situação do Rio Grande do Norte no contexto nacional. O Governo Federal está implementando o projeto Juventude Viva nos Estados em parceria com a sociedade civil organizada.
1. Como podemos definir a juventude no Brasil, nos dias de hoje?
A população jovem nunca foi tão grande no Brasil. Dados do Censo de 2010
apontam a existência de mais de 51 milhões de brasileiros e brasileiras
com idade entre 15 e 29 anos, o que representa mais de 25% da população
do país. Essa “onda jovem” se traduz em um fenômeno igualmente
importante, denominado “bônus demográfico”, no qual o peso da população
economicamente ativa supera o da população dependente. Esse bônus
torna-se um ativo importantíssimo na economia e cultura do país, o que
também poderá se traduzir em desafios na garantia de direitos desse
público. Falar em políticas públicas de juventude significa tratar de
políticas centrais para o desenvolvimento, com uma dimensão territorial
importante, onde o município é o foco da ação governamental para
melhorar a vida dessa parcela da população, garantindo-lhe também o
direito à participação. Os nossos jovens, que têm entre suas principais
características a diversidade, já demonstraram determinação em
assegurar seus direitos e ocupar um lugar de destaque no processo de
desenvolvimento do Brasil. Exemplo disso foi a aprovação do Estatuto da
Juventude, no dia 16 de abril, pelo Senado Federal. O texto, que já
tinha sido aprovado na Câmara, contou com a colaboração de várias
entidades e movimentos juvenis, que superaram suas diferenças para
atender aos interesses maiores do conjunto da juventude brasileira.
2. A Secretaria Nacional de Juventude é responsável por coordenar
as políticas de juventude no âmbito do governo federal. Quais são os
maiores desafios do seu trabalho?
A Secretaria Nacional de Juventude potencializa uma série de programas e
ações voltados aos jovens. A articulação interministerial e o diálogo
com a sociedade civil, principalmente com o Conselho Nacional de
Juventude (Conjuve), contribuíram muito para os avanços alcançados nos
últimos anos. É importante lembrar que as demandas juvenis entraram
apenas recentemente na agenda das políticas públicas. Ganharam força a
partir de 2005, com a implementação da Política Nacional de Juventude
(PNJ), o que nos permitiu registrar, em quase uma década, conquistas
importantes, como o aumento do número de jovens no ensino superior, a
retirada de milhões deles das condições de miséria e pobreza e a criação
de mecanismos de participação social, a exemplo dos Conselhos e
Conferências Nacionais. Apesar dessas conquistas, o Brasil ainda
precisa dar respostas a problemas não totalmente solucionados: combater o
desemprego e assegurar o trabalho decente para os jovens é um dos
desafios da agenda governamental. Nessa mesma pauta, incluímos o
compromisso com a educação de qualidade, a saúde integral, o acesso à
cultura, esporte e lazer, tempo livre e o direito à participação, além
de um item que requer atenção ainda mais especial por parte do poder
público, que é o enfrentamento à violência contra a juventude, em
especial, contra os jovens negros, as principais vítimas da violência no
país. Entre um conjunto de programas e ações, damos destaque para o
Plano Juventude Viva, que visa prevenir a violência e combater sua
banalização por meio de políticas de inclusão e ampliação de
oportunidades; o Programa Estação Juventude, que tem por objetivo
informar sobre as Políticas Públicas de Juventude, construir percursos
para a inclusão dos jovens; o Observatório Participativo da Juventude
(Participatório) que, inspirado nas redes sociais, se caracteriza como
um espaço interativo de participação, produção do conhecimento,
mobilização e divulgação de conteúdos; e o Programa Juventude Rural,
voltado para a inclusão produtiva, formação cidadã e geração de renda
para os jovens rurais, em especial, ribeirinhos, indígenas e
quilombolas. Uma outra iniciativa da Secretaria está voltada para o
apoio e fortalecimento institucional dos órgãos gestores estaduais e
municipais de juventude.
3. Como se dá a atuação da Secretaria nos Estados e Municípios brasileiros?
Nós temos convicção de que essas iniciativas só terão resultado com a
parceria direta com os estados e municípios. Como já disse
anteriormente, o diálogo com os gestores locais foi fundamental para o
fortalecimento da agenda nos últimos anos. Nesse sentido, a SNJ está
aberta a todos os gestores de juventude, e se empenha em contribuir para
o fortalecimentos dos órgãos locais, por meio de seus programas e
ações, mas também de convênios voltados para a institucionalização dos
órgãos de juventude, e da abertura de processos de formação em PPJ.
Seguimos esta caminhada juntos, afinal, para que a política de juventude
faça realmente diferença na vida dos jovens, ela precisa ser ampla,
integrada, com um leque de opções que abranja as reais necessidades das
juventudes, com o compromisso do Governo Federal e dos governos
estaduais e municipais.
4. Em que região do país a juventude se encontra em situação mais preocupante?
A agenda da juventude é muito ampla, mas a maioria das questões são
comuns a todas as regiões. No caso da violência, por exemplo, que é uma
das questões priorizadas pela SNJ, elencamos, a partir do Mapa da
Violência, um conjunto de 132 municípios, em todo o Brasil, que possuem
os mais elevados índices de homicídios de jovens. Neste caso específico,
o problema não está localizado em uma determinada região, mas no país
como um todo.
5. Qual o objetivo do Plano Juventude Viva do Governo Federal? Que ações são desenvolvidas?
O Plano Juventude Viva é uma resposta do governo federal, em parceria
com a sociedade civil, à violência que atinge os jovens, sobretudo os
jovens negros, que são hoje as principais vítimas de homicídios em todo o
país. Implementado em setembro de 2012, em quatro municípios de Alagoas
(Maceió, Arapiraca, Marechal Deodoro e União dos Palmares), o Plano
será estendido a outros estados ao longo de 2013. A previsão é de que,
até o final do ano, as ações cheguem também ao Distrito Federal, São
Paulo, Espírito Santo, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Sul e Rio de
Janeiro. O Juventude Viva reúne um conjunto de ações voltadas à
juventude, envolvendo dez Ministérios, nas áreas de trabalho, educação,
saúde, acesso à justiça, cultura e esporte, entre outras. Em parceria
com os estados e municípios, o Plano oferece um pacote de políticas
sociais, que visam assegurar os direitos dos jovens e prevenir as
situações de violência física e simbólica, a partir da criação de
oportunidades de inclusão e autonomia; da oferta de equipamentos,
serviços públicos e espaços de convivência, priorizando os territórios
que concentram os mais altos índices de homicídio.
6. A senhora participou de uma audiência pública, na Assembleia
Legislativa do RN, cujo tema é “Violência contra jovens no RN”. Que
informações a senhora possui sobre a situação da juventude no Estado e
qual o seu olhar sobre isso?
O Rio Grande do Norte aparece na relação dos 132 municípios priorizados
pelo Juventude Viva, com as cidades de Natal (23ª posição entre os
maiores índices de homicídios de jovens), Mossoró (52ª) e Parnamirim
(131ª). Nossa expectativa é que o Plano seja estendido a todos os
estados, incluindo o RN, para que juntos possamos superar esse grave
problema que atinge os nossos jovens, sobretudo os jovens negros, do
sexo masculino, e que vivem nas periferias das grandes e médias cidades.
A SNJ espera que o estado seja parceiro nesta e em outras ações,
possibilitando que, em um futuro breve, a Política Nacional de Juventude
se transforme, de fato, em uma política de Estado. E isso só ocorrerá
com a participação de todos os entes federados.
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