Chuvas do mês de abril ficaram 50% abaixo do esperado no Rio Grande do Norte
As chuvas de abril no Rio Grande do Norte ficaram muito abaixo do normal, com predominância de seca, frustrando as expectativas dos meteorologistas, que previam uma precipitação mais regular. O acumulado do mês, no entanto, não chegou nem a 50% do esperado. Os agricultores já começam a calcular o percentual de perdas nas safras de milho, feião e sorgo, que pode chegar a até 80%.
Agravada pelos últimos três
anos de estiagem, a situação atinge, além da agricultura, o abastecimento de
água. Atualmente, 116 dos 167 municípios do Rio Grande do Norte, o equivalente
a 69%, estão em situação de emergência, dependendo de carros-pipa. A média do
nível dos reservatórios do Estado baixou de 35% para 24%, em comparação ao
mesmo período de 2014.
“O ano hídrico começou com os
reservatórios baixos e vai terminar com os reservatórios mais baixos ainda. O
que foi reposto em alguns açudes não serviu nem para dar sustento ao consumo da
época, com exceção de um ou outro, como o Pataxó, em Ipanguaçu, que estava seco
e teve uma recuperação de 100%, mas são casos excepcionais”, disse Gilmar
Bistrot, meteorologista-chefe da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande
do Norte (Emparn).
Na última quinta-feira, 8,
ele entregou ao Gabinete Civil do Governo do Estado e também a algumas
secretarias, como a de Agricultura e a de Recursos Hídricos, um relatório com a
situação pluviométrica do mês de abril, a pior desde o início do ano. Em
janeiro e fevereiro a predominância foi de chuva abaixo do normal, enquanto em
março a prevalência foi de chuva normal e, em alguns municípios, acima do
normal.
“Ao contrário do que
esperávamos, tivemos em abril um comportamento bastante irregular das chuvas,
tanto no que diz respeito à distribuição espacial quanto na ocorrência. Em
grande parte do Estado choveu menos de 50 mm, muito abaixo do normal.
Tivemos predominância de seca”, informou o meteorologista.
Em 30 dos principais
municípios das mesorregiões Oeste, Agreste e Central, apenas em Angicos a
precipitação atingiu o patamar considerado normal, que é de 397,95 mm, enquanto
26 estão classificados como “muito seco” e três como “seco”. Em Pau dos Ferros,
no Oeste Potiguar, por exemplo, choveu 284 mm, faltando 370 mm para chegar ao
nível de chuva normal, que é 654 mm.
O mais preocupante é que o
período chuvoso no interior do Rio Grande do Norte termina na primeira quinzena
de maio, que na análise do meteorologista já está comprometida. “Na segunda quinzena, não
chove no interior do Estado. Ou chove muito pouco. A não ser que aconteça algum
distúrbio devido às condições do Oceano Atlântico Sul e não mais da zona de
convergência, mas isso é imprevisível”, disse Gilmar Bistrot.
O meteorologista da Emparn
explicou que a previsão mais otimista em relação a abril se baseava na
expectativa do deslocamento da onda planetária, que vinha em seu movimento
normal do final de março para o início de abril. “Só que quando ela chegou
sobre o Pacífico recebeu influências do El Niño, que a represou sobre a parte
Norte próximo do Chile e Equador, promovendo as chuvas naquela região. Em
consequência, a parte negativa ficou sobre o Nordeste”.
*Tribuna do Norte
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