Lula: "Já cumpri minha obrigação no Brasil"
Negando que vá disputar a eleição de 2014, ex-presidente Lula diz, em entrevista ao jornal colombiano El Tiempo, que vai "trabalhar fortemente para que a presidente Dilma seja reeleita"; sugerido pelo presidente do Equador para assumir o comando da Unasul, e prestes a iniciar viagem por três países do continente, Lula defendeu a forma como os líderes da região enfrentaram a crise econômica mundial: "Em vez de retração econômica e ajustes fiscais recessivos, tomamos medidas anticíclicas, fomentamos políticas sociais e, com isso, nossas economias seguiram crescendo acima da média mundial"
247 -"Já cumpri minha obrigação no Brasil e vou
trabalhar fortemente para que a presidente Dilma seja reeleita", disse o
ex-presidente Lola, em entrevista
ao jornal colombiano El Tiempo publicada neste fim de semana. "O País
vive uma momento de ouro tendo na Presidência uma pessoa com suas
qualificações, caráter e compromisso", elogiou o ex-presidente,
ressalvando que seguirá "fazendo política até a morte". Pelo jeito, na
América Latina.
Sugerido neste sábado, pelo presidente do Equador, Rafael Correa, para a Secretária-geral da Unasul (leia mais) , Lula defendeu a forma como os países da região enfrentaram a crise econômica mundial.
"Até agora, a América Latina deu um exemplo extraordinário de como enfrentá-la (a crise): em vez de retração econômica e ajustes fiscais recessivos, tomamos medidas anticíclicas, fomentamos políticas sociais e, com isso, nossas economias seguiram crescendo acima da média mundial", disse o ex-presidente, que parte nesta segunda-feira para viagem por Colômbia, Peru e Equador.
Na conversa publicada pelo jornal colombiano, Lula diz que está feliz por estar saudável, "porque vejo meu país surgir, meu time (Corinthians) ser campeão em 2012, e porque o Brasil vai fazer a Copa do Mundo e as Olimpíadas". "Não há espaço para a tristeza. Tenho 67 anos e sei que eu tenho menos tempo do que já vivi. Então eu viver feliz. Agradeço a Deus todos os dias e o trabalho me dá força para continuar", diz.
Leia trechos traduzidos da entrevista:
O que mais o preocupa atualmente?
A crise econômica que começou nos Estados Unidos, foi para a Europa e afeta outras regiões em menor ou maior grau. Até agora, a América Latina tem sido um excelente exemplo de como enfrentá-la: em vez de contração econômica e ajustes fiscais recessivos, tomamos medidas anticíclicas, fomentamos políticas sociais, e, com isso, nossas economias continuam a crescer acima da média mundial.
Eu também estou preocupado em saber que as decisões do G20 (composto por países industrializados e emergentes) não foram implementadas para enfrentar a crise, como o incentivo à produção, geração de emprego e distribuição de renda.
Na América Latina, estamos conscientes de que todos os Estados continuam a investir em tudo isso e, acima de tudo, numa forte política de inclusão social, pois constatou-se, como no Brasil, que investir nos mais pobres pode ser a solução para o crescimento e fortalecimento do mercado interno de cada país.
O que falta para enfrentar a crise global?
Retomar, com a Organização Mundial do Comércio, a Rodada de Doha, sobre a reforma do sistema de comércio internacional, reduzindo as barreiras e regulamentos, para que, neste momento de crise, o comércio seja um dos pilares do retorno ao crescimento econômico em todo o mundo, especialmente na Europa e nos Estados Unidos.
As crises econômicas foram o prelúdio para as duas guerras mundiais. Você teme pela paz?
Se há alguém que acredita que a guerra é capaz de fazer o que a paz e a democracia não são, deve ter um problema mental. É hora de assumir a responsabilidade. A razão da crise econômica foi o sistema financeiro internacional, que resolveu especular com a humanidade. A solução para isso não pode ser a guerra, que apenas agrava os problemas. Tem de ser outro modelo de desenvolvimento, a regulação do sistema financeiro.
Os bancos devem estar a serviço do setor produtivo. Imaginar que os bancos podem vender papel em papel, sem produzir um único parafuso ou sapato não resolve. Portanto, espero que as decisões que tomamos no G-20 (setembro, na Rússia) possam ser executadas. Daí a importância do fortalecimento da governança global, para que possamos controlar a especulação financeira e evitar que ela se sobreponha à produção.
Existe ameaça de tempestade política na região pelas crises econômicas enfrentadas por Argentina e Venezuela?
Não. É importante lembrar que um país como o Brasil está vivendo o maior período de democracia contínua de sua história: 25 anos. O mesmo ocorre com a Argentina. Se você analisar, também vivemos o mais longo período de inclusão social na região. Um país pode enfrentar problemas econômicos, sociais ou políticos, mas isso não vai prejudicar a estabilização e o fortalecimento democrático que nós construímos até agora.
A Venezuela, com a sua riqueza, é um país com potencial de crescimento excepcional. A Argentina foi a quinta maior economia do mundo e luta para recuperar seu crescimento e industrialização, que retrocedeu no tempo dos militares. Nós todos queremos a paz, a democracia, a estabilidade e integração. Estou tranquilo.
Leia a íntegra da entrevista, em espanhol.
Sugerido neste sábado, pelo presidente do Equador, Rafael Correa, para a Secretária-geral da Unasul (leia mais) , Lula defendeu a forma como os países da região enfrentaram a crise econômica mundial.
"Até agora, a América Latina deu um exemplo extraordinário de como enfrentá-la (a crise): em vez de retração econômica e ajustes fiscais recessivos, tomamos medidas anticíclicas, fomentamos políticas sociais e, com isso, nossas economias seguiram crescendo acima da média mundial", disse o ex-presidente, que parte nesta segunda-feira para viagem por Colômbia, Peru e Equador.
Na conversa publicada pelo jornal colombiano, Lula diz que está feliz por estar saudável, "porque vejo meu país surgir, meu time (Corinthians) ser campeão em 2012, e porque o Brasil vai fazer a Copa do Mundo e as Olimpíadas". "Não há espaço para a tristeza. Tenho 67 anos e sei que eu tenho menos tempo do que já vivi. Então eu viver feliz. Agradeço a Deus todos os dias e o trabalho me dá força para continuar", diz.
Leia trechos traduzidos da entrevista:
O que mais o preocupa atualmente?
A crise econômica que começou nos Estados Unidos, foi para a Europa e afeta outras regiões em menor ou maior grau. Até agora, a América Latina tem sido um excelente exemplo de como enfrentá-la: em vez de contração econômica e ajustes fiscais recessivos, tomamos medidas anticíclicas, fomentamos políticas sociais, e, com isso, nossas economias continuam a crescer acima da média mundial.
Eu também estou preocupado em saber que as decisões do G20 (composto por países industrializados e emergentes) não foram implementadas para enfrentar a crise, como o incentivo à produção, geração de emprego e distribuição de renda.
Na América Latina, estamos conscientes de que todos os Estados continuam a investir em tudo isso e, acima de tudo, numa forte política de inclusão social, pois constatou-se, como no Brasil, que investir nos mais pobres pode ser a solução para o crescimento e fortalecimento do mercado interno de cada país.
O que falta para enfrentar a crise global?
Retomar, com a Organização Mundial do Comércio, a Rodada de Doha, sobre a reforma do sistema de comércio internacional, reduzindo as barreiras e regulamentos, para que, neste momento de crise, o comércio seja um dos pilares do retorno ao crescimento econômico em todo o mundo, especialmente na Europa e nos Estados Unidos.
As crises econômicas foram o prelúdio para as duas guerras mundiais. Você teme pela paz?
Se há alguém que acredita que a guerra é capaz de fazer o que a paz e a democracia não são, deve ter um problema mental. É hora de assumir a responsabilidade. A razão da crise econômica foi o sistema financeiro internacional, que resolveu especular com a humanidade. A solução para isso não pode ser a guerra, que apenas agrava os problemas. Tem de ser outro modelo de desenvolvimento, a regulação do sistema financeiro.
Os bancos devem estar a serviço do setor produtivo. Imaginar que os bancos podem vender papel em papel, sem produzir um único parafuso ou sapato não resolve. Portanto, espero que as decisões que tomamos no G-20 (setembro, na Rússia) possam ser executadas. Daí a importância do fortalecimento da governança global, para que possamos controlar a especulação financeira e evitar que ela se sobreponha à produção.
Existe ameaça de tempestade política na região pelas crises econômicas enfrentadas por Argentina e Venezuela?
Não. É importante lembrar que um país como o Brasil está vivendo o maior período de democracia contínua de sua história: 25 anos. O mesmo ocorre com a Argentina. Se você analisar, também vivemos o mais longo período de inclusão social na região. Um país pode enfrentar problemas econômicos, sociais ou políticos, mas isso não vai prejudicar a estabilização e o fortalecimento democrático que nós construímos até agora.
A Venezuela, com a sua riqueza, é um país com potencial de crescimento excepcional. A Argentina foi a quinta maior economia do mundo e luta para recuperar seu crescimento e industrialização, que retrocedeu no tempo dos militares. Nós todos queremos a paz, a democracia, a estabilidade e integração. Estou tranquilo.
Leia a íntegra da entrevista, em espanhol.
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