A proposta de pacto pela governabilidade
Autor:
Luis Nassif
O quadro político atual está assim.
- As manifestações mudaram totalmente o foco das políticas públicas no país inteiro. Foi necessário um tremendo choque de realidade para que governantes colocassem, finalmente, o cidadão como centro maior das políticas públicas.
- As manifestações decretam o fim do modelo político-institucional criado pela Constituição de 1988 e colocam em xeque o modelo do presidencialismo de coalisão. E lançam no ar a grande questão: como garantir a governabilidade dentro da nova moldura político-partidária?
- Depois do choque sísmico da última semana, há um período de assentamento, com alguns tremores aqui e ali, dando margem à ação de provocadores, mas tendendo a refluir nos próximos dias.
- Há também um frenesi da classe política, buscando respostas para a crise. Falou-se em nova constituinte para referendar nova reforma política.
- Há analistas usando raciocínios dos anos 80 e 90 para explicar a atual crise de contemporaneidade. Até hoje usam penicilina para qualquer forma de infecção. Uns sustentam que a culpa é da política econômica, outros que é da corrupção. Ainda o mais lúcido dos oposicionistas, Fernando Henrique Cardoso definiu bem o momento: a crise é de todo o modelo e partido nenhum pode pretender tirar vantagem.
***
Ontem à noite, a presidente Dilma Rousseff sua proposta de construção de
cinco pactos no país. Um pacto por responsabilidade fiscal; outra pela
reforma política com plebiscito popular para uma Constituinte exclusiva;
um pacto pela saúde, outro pela educação pública, outra pelo
transporte.
Logo após, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, soltou uma nota
aceitando a proposta de debate da presidência da República com
governadores e prefeitos.
***
Por trás de todas essas movimentações, a constatação de que não
interessa a ninguém responsável a desestabilização do regime. E que
todos os partidos, políticos e instituições estão no mesmo barco,
devendo uma resposta conjunta ao país.
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