Fato consumado, por Merval Pereira
Merval Pereira, O Globo
Os especialistas dizem que em política só existem dois fatos a levar em conta: o fato novo e o fato consumado.
Consumada a eleição dos dois candidatos oficiais à presidência da Câmara e do Senado, resta agora acompanhar os fatos políticos que decorrerão dessa tomada do Poder Legislativo pelo PMDB. Nas duas vezes em que isso aconteceu, fatos importantes marcaram a História do país.
No biênio 1991/1992, Ibsen Pinheiro presidiu a Câmara e Mauro Benevides, o Senado, e comandaram o processo de impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello.
Em 2009/2010, com Michel Temer na Câmara e José Sarney no Senado, o PMDB assumiu a vice-presidência na chapa de Dilma Rousseff.
Um partido com a organização do PMDB não preside o Legislativo sem que esse fato determine seu fortalecimento, e por isso a primeira consequência da eleição de ontem para presidente da Câmara foi o enfraquecimento do PSB como ator de primeiro nível para a eleição de 2014.
A candidatura do deputado federal Julio Delgado não chegou nem a provocar um segundo turno, o que demonstra que foi precipitada a ação do governador pernambucano Eduardo Campos de permitir que seu partido abrisse uma dissidência oficial com a base governista.
Se a vice-presidência na chapa de reeleição de Dilma é a aspiração do PSB, ela ficou mais distante se depender apenas de sua vontade. O PMDB, no comando das duas Casas do Congresso, terá meios de pressionar o governo se quiser manter a situação atual.
Se, no entanto, a possibilidade de governar São Paulo parecer mais atraente a Temer e sua turma, o PMDB estará em condições de abrir mão da vice. Não creio, porém, que, para os interesses do partido, que tem uma força bem distribuída pelo país, circunscrever-se a São Paulo seja um projeto viável.
Leia a íntegra em Fato consumado
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