Colunista da Folha afirma que a força da oposição é uma "miragem" e diz
que a única hipótese de derrota da presidente Dilma Rousseff é "se
acabar a sensação de bem-estar da maioria dos eleitores"; segundo ele,
nunca houve o voto "o Brasil está bom, mas pode melhorar"; pesquisas
mostram que brasileiros se preocupam com inflação, mas consideram Dilma
mais preparada para enfrentá-la
247 - Uma miragem.
Assim o jornalista Fernando Rodrigues, colunista de política da Folha,
define a suposta força da oposição para a disputa de 2014. Segundo ele, a
presidente Dilma segue com um folgado favoritismo. Leia abaixo:
Dilma é favorita
BRASÍLIA - Só um surto
de autoengano leva a oposição a acreditar que o raciocínio "o Brasil
está bom, mas pode melhorar" vai se disseminar pela maioria do
eleitorado no ano que vem --e será suficiente para destronar o PT do
Planalto.
Esse voto racional nunca aconteceu em
nível nacional no Brasil moderno. Aliás, ocorreu o oposto. Em 1986,
qualquer pessoa bem informada sabia que o Plano Cruzado já era. Mas o
PMDB ganhou quase tudo.
Em 1998, o Plano Real estava condenado com o seu câmbio engessado. Mas Fernando Henrique Cardoso foi reeleito presidente.
A única chance de a oposição vencer em
2014 é se acabar a sensação de bem-estar da maioria dos eleitores. A
economia desempenha um papel relevante na construção desse cenário,
embora não seja único. As coisas pioram para a oposição porque a
profusão de indicadores ruins nos últimos dias não garante um cenário de
desastre absoluto até o final do ano que vem.
É evidente que o atual crescimento
medíocre terá impacto mais adiante. A partir de 2015, com certeza. Só
que a eleição já terá passado.
Consultado, o marqueteiro oficial João
Santana, o 40º ministro, deu risada sobre a hipótese de a inflação tirar
Dilma Rousseff do Planalto. As pesquisas do governo indicam, de fato,
um ruído razoável na mente das pessoas sobre a alta de preços, sobretudo
de alimentos. Mas nesses mesmos levantamentos, a presidente é vista
pelos eleitores como a mais apetrechada para tratar desse problema --bem
à frente de todos os candidatos de oposição.
Nesse ponto, não custa repetir a
ressalva de sempre: falta muito até outubro de 2014. Ainda assim parece
ter se instalado no noticiário uma sensação de jogo zerado.
Talvez pelas derrapadas econômicas e pela presença midiática dos pré-candidatos de oposição.
Tudo somado forma uma miragem. Por enquanto, Dilma segue como favorita.
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