quarta-feira, 28 de março de 2012

Record e a dor de cotovelo

 
Nocaute
artdantas@gmail.com

É notável a escalada da rede Record em tentar derrubar a rede Globo em uma briga por audiência que deveria interferir apenas na melhoria da programação, qualidade do jornalismo e dar um “up” nos programas das duas emissoras. Mas a “briga” entre as duas toma, não raramente, o rumo da briguinha de comadres. As arengas já acontecerem e continuarão a acontecer a olhos vistos dos telespectadores porque o curativo da ferida mais dolorosa de todas, a religião, foi retirado anos atrás.

Não falo isso por ser defensor da Globo, mas é evidente que a Record intensificou uma postura no mínimo ridícula ao atacar boa parte daqueles que tenham alguma ligação com a rival. Basta lembrar de matérias que foram ao ar e ganharam espaço no noticiário noturno da emissora com questões de interesse específico dos executivos da empresa, deixando para quem assiste uma pergunta: e eu com isso?

Bem, por que escrevo estas linhas? Para externar um grande desserviço ao esporte que fez a Record na manhã desta terça-feira (27). No portal da emissora foi noticiada uma matéria logo cedo com o título “R7 antecipa os quatro finalistas do novo reality de MMA da Globo; conheça os vencedores”.

Para quem não acompanhou, na madrugada desta segunda-feira (26) a Globo iniciou um programa que chama um pouco mais da atenção do grande público para o MMA. O The Ultimate Fighter é um reality show que já tem 15 edições, sucesso de público nos Estados Unidos e ajudou bastante a disseminar o que é o MMA para a massa.

No Brasil, o programa conseguiu 12 pontos de audiência, 15% a mais que a audiência normal registrada pela empresa e os dados apontam para 6 milhões 924 mil pessoas assistindo ao TUF. No país, o modelo adotado exibe um programa por domingo até 16 de junho, quando haverá (haveria) a revelação dos finalistas dos pesos pena e médios.

Em vão. A Record conseguiu um “furo” de reportagem que deixou boa parte da comunidade que prestigia e acompanha o MMA chateada. Isso tudo porque o TUF é gravado e o portal da emissora conseguiu sair na frente das concorrentes e fez o papel do amigo chato contando o final do filme para quem não quer ouvir.

Consta no blog “Casca Grossa”, do Yahoo, que das 15 edições do TUF, em apenas uma temporada os dados foram divulgados com antecedência e os jornalistas responsáveis pela matéria foram banidos da cobertura de qualquer edição até os dias atuais.

Sobre o caso no Brasil, Dana White, presidente do UFC escreveu via assessoria de imprensa: "Não se pode confiar na validade de uma informação que vem de uma emissora concorrente. Eu me pergunto qual seria a verdadeira motivação deste veículo. Tentar descobrir quem são os vencedores é jogo baixo e não irá ferir o UFC, a série, ou a Globo — mas sim os jovens lutadores que estão competindo por um contrato com o UFC".

Uma prova de que o “furo” não bem visto veio poucos minutos mais tarde. O líder da Nova União, Dedé Pederneiras, revolveu instituir a lei da mordaça aos atletas integrantes da academia, que estão proibidos de dar qualquer entrevista à Record e ao portal R7.

Ao Portal do Vale Tudo, maior site do Brasil de artes marciais, Pederneiras disse: “Isso que a Record está fazendo contra o MMA é um absurdo! Meus atletas estão proibidos de dar entrevista ao R7 ou à Record. Espero quer todos os líderes de equipe e personalidades do MMA façam o mesmo. Estamos há 30 anos vivendo no deserto. Agora que parece que finalmente encontramos o oásis, vem alguém que quer jogar areia em cima. Se querem concorrer, que criem outro produto e concorram. Difamar é uma forma baixa de concorrência”, encerrou Dedé.

Lamentável a atitude da Record, que preferiu, mais uma vez, olhar a grama do vizinho em vez que cuidar da própria. Espero que o TUF e a intenção dele não sejam afetados com a informação. Pela primeira vez na vida torço para que a fonte da informação esteja errada e ao MMA do Brasil faço votos que esta peleja seja finalizada.

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