Economia na direção certa
As reduções na Selic fazem parte da estratégia das políticas do governo federal para reacelerar a atividade econômica e enfrentar os inescapáveis efeitos da crise financeira internacional. Com inflação sob controle, cujo índice deve encerrar o ano em 4,85%, conforme projeções do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), espera-se que a nova queda nos juros seja capaz de estimular o crédito e o consumo.
Mas o governo está atento e sabe que o crescimento só virá com atuações assertivas em outras frentes, dentre as quais a mais importante hoje é a expansão dos investimentos públicos e a adoção de medidas capazes de destravar os investimentos do setor privado. A prorrogação da desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca e automóveis, a redução do imposto para o setor de móveis e o corte do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre os empréstimos de pessoas físicas, por exemplo, caminham nesse sentido.
De sua parte, o governo vem ampliando consistentemente os aportes públicos para programas centrais como o Minha Casa, Minha Vida e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que engloba inúmeras obras de logística e infraestrutura, essenciais para o desenvolvimento do país. O lançamento do PAC Equipamentos tem ainda o objetivo de agilizar as compras governamentais, dando preferência à aquisição de produtos da indústria nacional. A aprovação das medidas provisórias 563 e 564, que tratam do Plano Brasil Maior, pelo Congresso Nacional, abrem espaço para mais incentivos à nossa indústria e ampliação da capacidade de oferta de crédito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Embora o setor privado demonstre certo pessimismo e insegurança para também fazer seus investimentos – retroalimentando estimativas negativas relacionadas principalmente aos resultados do PIB e da produção industrial até aqui – o governo está cumprindo seu papel e conclamando os bancos a aumentarem a oferta de financiamentos não só aos consumidores, mas também às empresas.
É preciso que pese também na avaliação do setor privado a consideração de que os cortes de juros já efetuados anteriormente pelo Banco Central e as medidas de estímulo à indústria lançadas pelo governo deverão surtir efeitos cumulativos no segundo semestre, impactando positivamente a atividade econômica.
A economia não está fora da rota como querem fazer crer muitos especialistas em suas análises catastrofistas. O governo mantém os eixos de cortes da Selic, tem o câmbio sob controle e, no máximo, reorienta a rota para conter os efeitos da crise internacional. A propósito, os depósitos em cadernetas de poupança continuam crescendo, mesmo após as mudanças na regra de seu rendimento, vinculada à Selic.
Ainda que criemos empregos um pouco abaixo da média de dois milhões ao ano, assinalada nos últimos dez anos do governo Lula, estamos em situação muito diferente da vivida pelos países ricos, como a Espanha, por exemplo, que registra taxa de 26% de desemprego entre sua população economicamente ativa.
Como vemos, as políticas colocadas em prática pelo governo tem uma orientação clara de fazer com que o plano de desenvolvimento que temos em curso não arrefeça e, com PIB maior ou menor, continue garantindo melhorias na qualidade de vida da população. Portanto, ainda que nosso crescimento confirme as projeções mais pessimistas, próximo a 2%, precisamos ressaltar que estamos distribuindo renda com aumentos reais de salários e avanços nos programas sociais, nas políticas públicas de saúde e educação, no saneamento e habitação e, principalmente, no combate à pobreza.
José Dirceu, 66, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT
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