sexta-feira, 26 de abril de 2013

Ditadura Militar: O aeroporto Aluizio Alves e o estádio Castelo Branco

 


Quando eu nasci - quando entrei pela primeira vez em um estádio de futebol, aos 6 anos - o nome de nosso estádio era Castelo Branco, homenagem ao presidente-ditador.

Não levou muito tempo, após a redemocratização, para que, com justiça, a homenagem prestada por quem construiu o estádio fosse substituída: saiu o general ditador e entrou em seu lugar o ex-presidente da Federação de Futebol, João Claudio de Vasconcelos Machado, falecido em 1976.

O estádio começou a ser construído na gestão de Agnelo Alves (1966-1969).

A história do estádio me lembra, agora, a nomeação do aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Comissão na Câmara dos Deputados aprovou que o nome do aeroporto seja Aluizio Alves. Lamentável.

Quando o golpe de 1964 chegou encontrou na prefeitura de Natal Djalma Maranhão e no palácio Potengi, do outro lado da rua e da praça, o governador Aluizio Alves. Enquanto as trevas se abatiam sobre a prefeitura e o prefeito - que morreria, depois, no exílio uruguaio -, Aluizio foi apoiador de primeira hora do golpe que retirou do poder o presidente João Goulart - e nos lançou em 21 anos de ditadura militar.

Não satisfeito com o puro apoio, Aluizio se tornou o único governador a instaurar um inquérito, de imediato, para investigar os esquerdistas e "subversivos" em atuação no RN. É o Relatório Veras, recentemente lançado no formato de livro pelo Centro de Direitos Humanos e Memória Popular.

Esse aspecto da história de Aluizio Alves - o governador que ajudou a derrubar João Goulart e promoveu a primeira perseguição do novo regime a esquerdistas e "subversivos" no RN - é reiteradamente esquecido ou apagado. Vende-se a imagem de Aluizio democrata. E justifica-se tal com a cassação sofrida por ele e seus irmãos no fim dos anos 60.

Engraçado é que, como exemplo, Carlos Lacerda, apoiador do golpe, também foi cassado posteriormente. Mas o papel de Lacerda na insurreição cívico-militar de 1964 nunca é questionada - ou apagada - como fazem no RN com Aluizio.

A meu ver, homenagear o aeroporto com o nome de Aluizio Alves representa o mesmo que chamar o estádio de Humberto de Alencar Castelo Branco. Ambos significam a entrada do país no período de arbítrio, tortura, trevas, mortes, dor.

As vezes, as pessoas, no entanto, escorregam. Recentemente, a Câmara devolveu, simbolicamente, o mandato de deputado a Aluizio. O atual presidente da Câmara, Henrique Alves, seu filho, se referiu ao movimento de 64 como "Revolução".
O DNA não pode ser negado.

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