sábado, 27 de outubro de 2012

Oportunidade de moralização do fundo partidário (Editorial)

O Globo


Na superficial e distorcida polêmica sobre o “financiamento público de campanha”, vende-se a ideia de que, se o contribuinte bancar todos os gastos de partidos e políticos, a corrupção será varrida das eleições, e fica subentendido o equívoco de que não existe ou é pouco o dinheiro do Tesouro na política.

Na verdade, a cifra é elevada e o fato de haver recursos do Tesouro no circuito partidário está longe de ser garantia de lisura — costuma, até mesmo, ser o contrário.

Neste sentido, é lapidar o caso de indícios de desvios de dinheiro do fundo partidário revelado pela “Folha de S.Paulo”, com o envolvimento de 17 partidos. A história começa com a descoberta de irregularidades na prestação de contas referentes ao período de 2000 a 2005 apresentada à Justiça eleitoral pelo PP.

Constatados os indícios de desvios, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Cármen Lúcia, do Supremo, determinou investigações de processos também de outros partidos. Entre eles, PDT, PTB, PSB, PMDB, DEM e PSDB.

A Polícia Federal foi chamada, para apurar a atuação do ex-coordenador de exame de contas do TSE Wladimir Azevedo Caetano, lotado agora no Conselho Nacional de Justiça. Auditoria interna do TSE descobriu que Caetano retirava processos de prestação de contas das mãos de subordinados e os aprovava sem restrições. Há cheiro forte, portanto, de corrupção.

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