STF determina que Governo faça o repasse integral ao TJ
carlos humberto/sco/stf
Ricardo Lewandowsky acata, em parte, pedido do Tribunal
Ricardo Lewandowsky acata, em parte, pedido do TribunalA decisão foi em caráter liminar, ou seja, temporária. Isso quer dizer que os demais pedidos feitos pelo TJ/RN, como o pagamento de R$ 257 milhões devidos desde o início do ano e até hoje não pagos, pode ser acatado - ou rejeitado - , quando o magistrado examinar o mérito do Mandado de Segurança (MS). O Tribunal de Justiça requereu ainda, no MS interposto no Supremo, a transferência imediata de R$ 14,2 milhões, referente à diferença entre o valor previsto no orçamento e o repassado pelo governo em setembro; a garantia do repasse nos meses de outubro, novembro e dezembro de R$ 57,4 milhões (mensalmente), referente ao valor integral das parcelas do duodécimo; e a transferência de R$ 72,1 milhões, referentes à diferença do duodécimo previsto e não pago de janeiro a agosto deste ano.
A governadora Rosalba Ciarlini e auxiliares, como o secretário de Planejamento, Obery Rodrigues, e do Gabinete Civil, Anselmo Carvalho, têm externado as dificuldades financeiras do Executivo, mais notadamente quanto à arrecadação do Fundo de Participação dos Estados (FPE), em queda vertiginosa. O Governo também corre o risco de ter que, forçosamente, repassar ao Ministério Público outros quase R$ 20 milhões, que os promotores reivindicam também de duodécimos atrasados em 2012. O Mandado de Segurança do MPE foi impetrado no Tribunal de Justiça potiguar e encontra-se sob análise da desembargadora Zeneide Bezerra, que ainda não decidiu sobre o pleito.
As divergências persistem há pelo menos dez meses. Na ação que impetrou no STF, o advogado do Tribunal de Justiça afirmou que há "descaso" do Governo com as dotações pertencentes ao Judiciário. O relato feito na petição que está no Supremo Tribunal Federal mostra também que o Executivo não está pagando os repasses no prazo. No mês de setembro, por exemplo, somente no dia 26, data final para pagamento da folha de pessoal, o depósito do Executivo para o Judiciário foi efetuado nos últimos 15 minutos de fechamento do expediente bancário.
Desembargadora aponta dificuldades para pagamento
A presidente TJ/RN, desembargadora Judite Nunes, disse não aceitar "insinuações" de que o Judiciário é o responsável pelas dificuldades financeiras do Estado. Segundo ela, desde que assumiu a presidência da instituição, esforços foram feitos no intuito de poupar o erário. Ela cita uma economia em torno de R$ 46 milhões graças às contenções feitas. "Conseguimos, com muito esforço, economia e controle financeiro o equilíbrio orçamentário do Judiciário. E para isso, tivemos até mesmo que tomar algumas medidas duras para conseguir tal equilíbrio", explicou Judite Nunes.
De acordo com a desembargadora, é distorcida a informação que muitos fazem crer de que a receita pertence ao Governo. "O Executivo arrecada, mas os valores são do Estado e o orçamento é exatamente o instrumento que diz quanto deve ser destinado a cada Poder", disse ela. Judite Nunes respondeu a uma serie de perguntas, provavelmente elaboradas pela assessoria do TJ/RN, no intuito de explicar o que motivou o Mandado de Segurança e as dificuldades pelas quais passa o Judiciário em virtude dos "repasses sempre aquéns" realizados pelo Governo ao Tribunal nos últimos meses.
A desembargadora também se mostrou insatisfeita com declarações de um secretário estadual, que teria criticado os gastos com diárias do TJ/RN. "Não li a matéria, mas lamento que algumas pessoas tentem brincar com os números". A presidente revelou que as diárias na instituição tiveram queda, passando de R$ 1,6 mil em 2009, sendo reduzida até os R$ 970 mil deste ano.
Governo evita pronunciamento sobre polêmica do orçamento
No início da noite de ontem, a TRIBUNA DO NORTE procurou a Secretaria de Comunicação do Governo para saber o posicionamento oficial do Estado a respeito da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal e quais providências seriam adotadas. A reportagem também tentou entrevistar um dos secretários estaduais sobre as declarações da presidente do Tribunal de Justiça, Judite Nunes.
Até o fechamento desta edição, às 22 horas, não houve as respostas aos questionamentos apresentados. Antes, no início da tarde, a assessoria tinha informado que o governo enviou ontem a defesa nos processos que envolvem as questões orçamentárias.
Os auxiliares da governadora tinham argumentado, anteriormente, que os repasses aos demais poderes estão coerentes com a arrecadação estadual e lembraram as sucessivas quedas do Fundo de Participação dos Estados (FPE). Além disso, a evolução do ICMS (Impostos sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) não seria suficiente para compensar as perdas no FPE.
A argumentação, afirmou na véspera o secretário de Comunicação, seria, portanto, centrada na queda de arrecadação do Fundo de Participação do Estado e no risco que trará para os serviços básicos caso seja obrigado a ampliar os repasses.
O secretário estadual de Comunicação afirmou que a resposta do Estado no mandado de segurança do MP é técnica e amparada no reflexo que terá caso os recursos requeridos sejam depositados.
MP vai pedir informações sobre salários
O procurador-geral de Justiça, Manoel Onofre de Souza Neto, confirmou que vai notificar o governo estadual sobre a procedências das informações de que há risco para o pagamento dos salários se houver decisões judiciais que determinem a integralidade dos repasses do Executivo aos demais poderes. Manoel Onofre Neto disse que vai oficiar à governadora sobre as declarações que foram dadas por assessores e secretários sobre as dificuldades financeiras do Estado para honrar os compromissos financeiros.
Segundo ele, com uma resposta oficial, o Ministério Público terá condições de conhecer a situação "e caso haja uma comprovação de que haverá atraso", certamente o Ministério Público ajuizará mandado de segurança para garantir os direitos dos servidores públicos.
Onofre Neto disse que não podia antecipar nada sobre o mandado de segurança, porque essa peça judicial precisa "ter prova pré-constituída".
O procurador de Justiça afirmou que já havia determinado à sua assessoria a expedição do ofício ao governo, pedindo informações a respeito do cumprimento do calendário de pagamento do quadro de pessoas das administrações direta e indireta do Estado.

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