Seca reduz volume e valor de negócios na Festa do Boi

Seca reduz volume e valor de negócios na Festa do Boi

Andrielle Mendes - Repórter

A seca afetou os negócios realizados durante a 50ª edição da Festa do Boi, encerrada na semana passada no Parque Aristófanes Fernandes, informou ontem a Associação Norte-Rio-Grandense de Criadores (Anorc). O valor movimentado nos leilões caiu quase 30%, passando de cerca de R$ 4 milhões, em 2011, para R$ 3 milhões, em 2012. Das 1.480 vacas leiteiras colocadas à venda nos currais, apenas 200 foram comercializadas (13,5% do total) este ano. No ano passado, 1.000 foram vendidas - número cinco vezes maior. O cálculo não considera os animais puros, comercializados em leilões ou diretamente. "A venda de animais ficou muito abaixo do esperado. Ainda não dá para dizer como os negócios se comportarão no próximo ano. Tudo vai depender do inverno", afirmou Marcelo Abdon, assessor de comunicação da Anorc.

Magnus NascimentoAnimais durante o evento, em Parnamirim: vendas encolheram, mas liberação de crédito subiu

Os bancos que montaram estandes na exposição, por outro lado, emprestaram mais este ano. Só o Banco do Nordeste (BNB) emprestou R$ 65 milhões durante a Festa do Boi. Deste total, R$ 12 milhões foram contratados durante os dez dias de feira, o que representa um crescimento de 50% em relação ao ano de 2011. O restante (cerca de R$ 53 milhões) foi prospectado e será emprestado nas próximas semanas. Carlos Frederico Meira de Vasconcelos Neto, administrador da empresa Estreito Agropecuária, no município de Baía Formosa, foi um dos que fecharam negócio durante a festa. "Fechamos um custeio agropecuário que nos ajudará a manter os investimentos em um momento delicado para o setor, haja vista a seca que nos atingiu este ano", afirmou.

O Banco do Brasil, por sua vez, emprestou R$ 10,5 milhões. O valor, divulgado pela Anorc, não foi confirmado pelo banco até o fechamento da edição. No ano passado, o banco emprestou R$ 3,5 milhões. A expectativa era superar em 30% o volume de negócios de 2011, afirmou o Superintendente Regional Paulo Marconi, em entrevista recente à TRIBUNA DO NORTE. O recurso, de acordo com o gerente de agronegócio do BB, Paulo Trigueiro, é usado geralmente na aquisição de equipamentos para convivência com a seca, como tratores para cavar poços.

AFTOSA

O setor pecuarista aguarda agora a mudança de status do Rio Grande do Norte de área de risco médio para livre de febre aftosa com vacinação. O estudo soroepidemiológico, realizado para averiguar se o estado pode ser considerado livre da doença, com vacinação, já começou a ser realizado pelo Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do Rio Grande do Norte (Idiarn). A primeira etapa, que prevê a realização de visitas prévias a propriedades que foram selecionadas pelo Departamento de Saúde Animal (DSA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília, e que vão participar do estudo, já está sendo concluída, afirmou Fabiana Lo Tierzo, diretora de sanidade animal do Idiarn.

Segundo Fabiana, a segunda etapa, que contempla a colheita de sangue dos animais, será iniciada no dia 12 de novembro. O processo de sorologia termina em 15 de março de 2013. Até lá, as propriedades passarão pelas seguintes etapas do processo: visitas prévias (que estão acontecendo e seguem até 31 de outubro de 2012); colheita de amostras; colheita de amostras pareadas; colheita de LEF (Líquido Esofágico Faríngeo); e monitoramento das propriedades com inspeção clínica dos animais. As propriedades selecionadas não poderão movimentar os animais que farão parte das amostras (bovinos de 06 a 24 meses).

A diretora do Idiarn negou rumores de que o trabalho pudesse ser comprometido devido a um possível atraso no pagamento das diárias dos fiscais. Segundo ela, o governo estadual autorizou um repasse de R$ 600 mil para o órgão. As diárias já começaram a ser pagas. "Houve atraso sim, como houve em outras secretarias, mas a situação já foi regularizada", afirmou.